quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

FELINOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS (matéria escrita para revista PULO DO GATO)



este é o Gigio, meu gatinho com deformidade no membro posterior direito

Todos os animais necessitam de cuidados especiais e de amor, porém animais com “deficiências” físicas ou neurológicas , muitas vezes requerem um pouco de tempo e energia extras, especialmente quando o animal fica mais velho e as deficiências se agravam. Alguns gatos nascem com deficiências físicas, outros sofrem acidentes ou mesmo doenças que causam deficiências, ou elas podem ocorrer devido aos efeitos degenerativos do envelhecimento. Os gatos adaptam o seu estilo de vida para lidar com a deficiência com muito mais facilidade do que a maioria dos humanos, até porque no caso do ser humano, os membros tem utilização específica e no caso dos gatos os quatro membros são utilizados na locomoção, facilitando sua adaptação. As deficiências mais freqüentemente observadas  nos gatos são, perda de um ou mais membros torácico ou pélvico por acidente ou doenças tais como tumores levando á amputação do membro, ou mesmo animais que nascem com deformidades congênitas nos membros. Alguns animais podem ficar paralisados ou ter dificuldade para se locomover  devido á  lesões da coluna tanto de origem traumática quanto causadas pela idade como hérnias de disco, que irão causar incoordenação motora ou dificuldade para se locomover podendo afetar também a micção e defecação. Nos casos de deficiência locomotora pode ser utilizado um carrinho ortopédico desenhado especialmente para ao animal.  Outras deficiências observadas são a cegueira e a surdez, porém o gato com estas deficiências acaba por se adaptar e desenvolver de forma mais aguçada outros sentidos como o olfato e o tato. Ele conhece a posição dos móveis na casa, fazendo com que se locomova de forma segura. Existem várias adaptações que podem ser feitas para auxiliar o gato com deficiência, de acordo com a sua dificuldade mas a maioria dos gatos parece ignorar suas deficiências e viver bastante bem. Um pouco de boa vontade, amor e paciência irão garantir ao gato com deficiência uma vida saudável, feliz e digna.

domingo, 21 de novembro de 2010

DITUIF DOENÇA IDIOPÁTICA DO TRATO URINÁRIO INFERIOR FELINO

A denominação doença idiopática do trato urinário inferior (DITUIF) é utilizada para descrever um distúrbio da eliminação de urina acompanhado de irritação e caracterizado por hematúria, polaciúria, disúria e periúria (micção fora da caixa de dejetos do gato). Sua causa é desconhecida. Embora existam diversas doenças do trato urinário inferior, aproximadamente 50 a 60% dos gatos com esses sintomas clínicos sofrem de DITUIF. Esta síndrome acomete machos e fêmeas porém na prática se observa uma maior incidência nos gatos machos, jovens e castrados. Esta enfermidade tem sido comparada á cistite intersticial da mulher por causa dos sinais clínicos, e também pelos aspéctos macroscópico e histológico da bexiga, que são bastante parecidos. Um subgrupo de felinos machos pode vir a sofrer de obstrução do fluxo de saída secundária ao acúmulo de tecido esfacelado e de células no interior do lúmen uretral, ou por um tampão de matriz cristalina alojado na uretra distal. A cristalúria é achado variável em casos de DITUIF, não sendo necessária para que ocorra obstrução; alguns tampões uretrais são compostos principalmente por substâncias reagentes inflamatórias. Gatos com obstrução morrerão se o fluxo urinário não for restabelecido dentro de 1 a 2 dias. A forma não obstrutiva de DITUIF pode preceder a forma obstrutiva. Estes gatos em geral apresentam sinais progressivos como dor, dificuldade para urinar, presença de sangue na urina,  bexiga grande e destendida, desidratação, intoxicação. Estes gatos tendem a evoluir para uremia. Nos casos de doença não obstrutiva, o tratamento é baseado em antispasmódicos, antinflamatórios e analgésicos. Nos casos obstrutivos deve-se proceder a cateterização o mais breve possível, com posterior irrigação da bexiga e fluidoterapia, com avaliação da função renal. Em casos onde não é possível passar a sonda, efetua-se a cistocentese e em casos recorrentes, a uretrostomia perineal. A alimentação terapêutica deve ser instituída após a solução clínica do problema. O prognóstico para gatos sem obstrução é bom, porém ocorrem recidivas. Nos casos de obstrução o prognóstico é reservado para bom.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

OBESIDADE FELINA



O perfil da nossa população felina é alvo de profundas alterações. Os gatos que viviam "soltos" estão cada vez mais dando lugar a um número crescente de gatos urbanos que vivem em apartamentos. Normalmente esterelizados (castrados), bem alimentados e mimados, estes animais passam, com frequencia, a maior parte do seu dia sozinhos enquanto os seus proprietários estão ocupados com trabalhos e viagens. O ganho de peso é o efeito mais imediato deste modo de vida sedentário e que está muito longe do comportamento natural dos gatos. Alguns estudos atuais demostram que cerca de 40% dos gatos se encontram com excesso de peso, enquanto 5% estão gravemente obesos. Observar o seu gato passando longas horas diárias numa cama é, frequentemente, prova suficiente de uma vida feliz para o proprietário. Contudo e infelizmente, um gato com excesso de peso é um gato doente. Existem alguns fatores predisponentes para obesidade, além de uma dieta com excesso de carboidratos visto que o gato é um carnívoro verdadeiro. Existe uma predisposição genética, racial, idade, sexo ( machos são mais predispostos que fêmeas), gatos que comem á vontade, gatos nervosos ou depressivos e aqueles que vivem em ambientes fechados. A obesidade causa várias consequencias físicas para o gato e reduz a qualidade de vida dele de forma geral  As principais consequencias para a saúde são: artrite, diabettes, infecções urinárias, dermatopatias, lipidose hepática (este é o risco mais grave, pois se  o gato obeso parar de se alimentar devido é stress, doença ou regime não apropriado, pode ocorrer uma insuficiencia hepática fatal), doença cardiovascular e respiratória, tendência para constipação e obstipação. Em geral a obesidade reduz significativamente a expectativa de vida do gato. Deve-se proceder algumas mudanças no habito do animal, tais como instituir um alimento terapêutico para perda de peso, promover exercício físico e principalmente incentivar e apoiar o proprietário para que o procedimento seja em sucedido.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

LINFOMA EM FELINOS



O linfoma, também conhecido como linfoma maligno ou linfossarcoma, é a neoplasia mais comum no gato, sendo responsável por 1/3 de todas as neoplasias felinas e por 90% de todas as neoplasias hematopoiéticas felinas. O linfoma tem origem no tecido linfóide, podendo envolver qualquer órgão ou tecido. Acredita-se que esteja relacionado com o vírus da leucemia felina (Felv), embora relatos mais recentes tenham demonstrado que apenas 25% dos gatos com linfoma são positivos para Felv. Em geral linfomas do trato digestivo , cutâneos e nasais são negativos para Felv; e em mais da metade dos casos, os linfomas renais e multicêntricos são negativos para Felv; os linfomas mediastínicos e do sistema nervoso central (SNC) são caracteristicamente positivos para Felv. Outras formas de linfoma podem ser positivas ou negativas para Felv. O risco de ocorrência de linfoma é também maior em gatos com imunodeficiência felina (Fiv). A idade média geral para gatos com linfoma é 8 a 10 anos; em gatos positivos para Felv a doença surge mais precocemente (idade média de aproximadamente 3 anos) do que em gatos negativos para Felv (idade média de 10 a 12 anos). Não há predileção por sexo ou raça, embora alguns relatos demonstrem incidência ligeiramente mais elevada em felinos machos. A forma anatômica mais comum de linfoma é a do trato digestivo seguida pelas formas mediastínica e multicêntrica (hepatoesplenomegalia e linfadenopatia generalizada). As localizações de tecido extralinfóide em que é menos comum a ocorrência  desta neoplasia são: rim, medula óssea, SNC (comumente linfoma espinal, causando paresia posterior), de pele região nasal, olhos, ossos e pulmões. È rara a ocorrência de linfadenopatia periférica isolada, sendo mais provável que tenha origem em hiperplasia do que em linfoma. È de 40 a 50% a probabilidade de um gato com linfoma renal vir a apresentar subsequentemente envolvimento com SNC. Os sinais clínicos e diagnósticos diferenciais variam de acordo com os órgãos ou tecidos envolvidos.
O diagnóstico é baseado em evidências físicas inespecíficas tais como perda de peso, vômitos, linfadenopatia periférica, e alterações relacionadas com o tipo de linfoma apresentado.  Podem-se efetuar os seguintes exames complementares:
-hemograma
-teste para Fiv / Felv
- histopatologia ou citologia
-biópsia intestinal
-perfil de bioquímica sérica e urinálise
-imagens torácicas e abdominas
-aspirado e citologia de medula óssea
-punção para obtenção de LCE e citologia
-biópsia cutânea e histopatologia
O tratamento se baseia em terapêutica primária- quimioterapia combinada e no caso de linfoma linfocitário do trato digestivo indica-se o uso de clorambucil e prednisolona. A terapêutica secundária baseia-se na terapia de suporte. Com relação ao prognóstico as porcentagens globais de resposta geralmente variam de 50 a 80% e representam uma resposta inicial em torno de 4 a 9 mêses de sobrevida.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

HIPERPLASIA MAMÁRIA BENIGNA

A hiperplasia mamária benigna, ou crescimento rápido do tecido mamário, envolve tanto o tecido epitelial como o mesenquimatoso. Sua apresentação característica é em fêmeas jovens sexualmente ativas; este distúrbio está relacionado aos níveis elevados de progesterona na gestação ou pseudociese. Contudo, a hiperplasia mamária tem sido associada á administração de progestina exógena em felinos castrados, tanto machos quanto fêmeas ou ao uso de anticoncepcionais á base de progesterona em fêmeas íntegras. è considerado um distúrbio benigno, mas deve ser diferenciado de neoplasia mamária. Em animais com este distúrbio, a produção de leite não ocorre normalmente. A título de diagnóstico é importante frisar que as concentrações séricas de progesterona estão aumentadas em cerca de 1/3 dos gatos acometidos, portanto este não é um método diagnóstico sensível. Pode-se efetuar biópsia e histopatologia para auxílio de diagnóstico. O tratamento é baseado na supressão de progesterona, no caso de fêmeas intactas é indicada a castração, e em gatos que não estão sendo medicados com compostos contendo progesterona, em geral ocorre a remissão espontânea dos sintomas. Nos casos mais graves pode-se considerar a mastectomia, quando os demais tratamentos não forem suficientes para regredir o problema. Nos casos de ovarioisterectomia, é preferível a incisão pelo flanco. O prognóstico sobre hiperplasia mamária é bom.

sábado, 2 de outubro de 2010

URETROSTOMIA PERINEAL (DTUIF / FLUDT) obstrução uretral recorrente



A uretrostomia perineal é um método cirúrgico de desvio urinário permanente em que a uretra peniana é excisada e a uretra pelvica suturada á pele perineal. Este é um procedimento de escolha para felinos machos que sofrem de repetidos episódeos de obstrução uretral como resultado de doença do trato urinário inferior ou urólitos uretrais. Em alguns casos de traumatismo uretral inferior, há indicação para este método. Não se deve fazer a cirurgia em gatos urêmicos. Antes da cirurgia são indicadas fluidoterapia e correção dos desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos. Quando feita corretamente, esta cirurgia evita  a maioria dos casos de obstrução uretral em felinos machos.. O numero de felinos que necessitam desta cirurgia vem declinando possivelmente devido ao resultado do tratamento nutricional das doenças do rato urinário inferior desses animais. O método implica em castração do gato que deve ser orientada ao proprietário. A técnica de forma gerla é a seguinte: antes de iniciar a cirurgia, aplica-se uma sutura em bolsa de tabaco no ânus. Faz-se uma incisão cutânea elíptica, envolvendo o escroto e prepúcio. Faz-se a incisão do tecido subcutâneo e os músculos isquiocavernosos são isolados e submetidos a incisão bilateral. O ligamento peniano ventral é incisado para liberar a uretra pélvica. Faz-se excisão do músculo retrator do pênis e a uretra é incidida em sua face dorsal, até a altura das glândulas bulbouretrais. As glândulas situam-se em ponto imediatamente proximal aos músculos isquiocavernosos, estando atrofiados em felinos machos castrados. A uretra pélvica é suturada á pele com pontos interrompidos simples. O restante do estoma uretral-cutâneo pode ser suturado com pontos interrompidos ou contínuos. Depois da cirurgia o paciente deverá usar colar de contenção durante 2 dias para impedir ocorrência de autotraumatismo, e utilizar papel picado na caixa de areia durante este período até a retirada dos pontos. Durante o resto da vida, o gato deverá ser monitorado a intervalor de 6 a 12 mêses para infecção do rato urinário e formação de urólitos.

COMPLEXO GRANULOMA EOSINOFÍLICO


O complexo granuloma eosinofílico é uma síndrome de 3 padrões de reação cutânea que acometem a pele, as junções mucocutâneas e a cavidade bucal dos gatos.As lesões ocorrem em resposta a uma alergia subjacente (mosquitos, ectoparasitas, alimentos, atopia) ou outros fatores imunomediados; acredita-se que bactérias, vírus, fatores genéticos e estresse desempenhem algum papel em certos casos. São observadas 3 formas distintas dessa síndrome: granuloma linear (colagenolítico), placa eosinofílica e úlcera indolente. Embora cada padrão de reação tenha diferenciações histológicas, pode ocorrer superposição entre padrões e alguns gatos podem apresentar-se com mais de uma forma. Por essa razão as 3 formas são agrupadas em um complexo. Não foi observada predisposição racial para qualquer das formas. Granuloma linear é mais comum em gatas jovens. Ùlceras indolentes são mais comuns em gatas de todas as idades. Os diagnósticos diferenciais primários para granuloma linear são granulomas bacterianos ou fúngicos, hipersensibilidades a insetos e neoplasia. Os diagnósticos diferenciais para placa eosinofílica são micoses sistêmicas, infecção por mycobacterium, demodicose, dermatose ulcerativa idiopática e neoplasia. Para a forma de úlcera indolente, devemos considerar como diagnósticos diferenciais herpesvirus, calicivírus, micoses sistêmicas, úlceras infecciosas, neoplasia e traumatismo.
Clinicamente a placa eosinofílica se apresenta como áreas elevadas e bem demarcadas de alopecia e ulceração, comumente na parte ventral do abdome e partes mediais das coxas. Já as úlceras indolentes são lesões circunscritas que ocorrem uni ou bilateralmente no lábio superior. E o granuloma linear se apresenta tipicamente como faixa de tecido alopécica e bem circunscrita, na parte caudal das coxas. Lesões relacionadas também podem ocorrer nos coxins podais, na laringe e na língua. Alguns gatos apresentam tumefação da parte inferior do queixo ou lábio. Frequentemente está presente linfadenopatia, e o prurido é variável.
A terapêutica envolve identificação da causa subjacente, uso de antibióticos, corticosteróides (é a mais utilizada)e em alguns casos, agentes imunomoduladores, suplementação com ácidos graxos e nos casos resistentes a corticosteróides a ciclosporina A. Pode ocorrer a cura espontânea das lesões em animais jovens e em casos de tratamento prolongado com corticosteróides pode-se provocar o aparecimento de diabetes melito. O prognóstico é bom, porém pode ocorrer recidiva caso não se consiga identificar a causa subjacente.

FÍSTULA PERIANAL EM FELINOS (Impactação e inflamação dos sacos anais)


Os sacos anais secretam uma substancia de odor fétido que faz parte do sistema de defesa do felino. Muitos gatos domésticos (especialmente os geriátricos) tem estilo de vida sedentário fazendo com que nunca ocorra a compressão natural dos sacos anais. Consequentemente, a secreção dos sacos anais fica ressecada e espessada causando uma impactação, o animal sente dor ao defecar e pode ter tenesmo. O gato reage a esta situação lambendo ou mordendo a região perineal. Se ocorrer infecção dos sacos anais a dor aumentará. Pode ocorrer ruptura da pele sobre o saco anal, e então será expeleido material purulento ou sanguinolento pelo trajeto drenante que forma uma fístula. A doença de saco anal em cães comumente faz com que o animal arraste os quartos posteriores no chão, porém este não é um achado frequente nos gatos com este problema. Mas quando isto ocorre, podemos suspeitar de alergia alimentar procedendo com a retirada de alguns alimentos para fins de diagnóstico. Alguns gatos com saculite anal lambem a área perianal e a parte caudal das coxas, oque causa o padrão simétrico de alopecia.
O tratamento é feito através da compressão manual para remoção da secreção, limpeza e irrigação da região, uso de antibióticos tópicos e uso de antibióticos sistêmicos. Caso este tratamento não seja eficiente, pode-se considerar a drenagem cirurgica ou mesmo a saculectomia anal em casos recidivantes.
Esta é uma doença incomum em gatos, raramente os gatos apresentam incontinência de saco anal, resultado em frequente liberação da secreção produzida neste órgão. Compreende-se que esta situação seja desagradável para o animal e seus proprietários, sendo indicada então a saculectomia anal.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ECTOPARASITAS EM FELINOS











O ectoparasitismo é uma causa comum, ainda frequentemente subestimada, de dermatopatia em felinos. Os parasitas externos da pele podem mimetizar outras dermatites, mas podem envolver tratamentos e prognósticos muito diferentes. Os parasitos da pele devem ser sempre incluídos na lista de diagnósticos diferenciais para a dermatopatia em felinos e devem ser considerados no diagnóstico e plano de tratamento, antes de se iniciar a investigação de outras dermatopatias em felinos. Os ectoparasitas de maior frequencia em felinos são:
1) Demodicose- é causada por 3 variedades distintas de demodex spp
2) Queiletielose- é causada por um ácaro denominado cheyletiella blakei e o principal sintoma clínico é o excesso de descamação principalmente sobre o tronco em geral com prurido.
3) Pulgas- são responsáveis por dermatites significativas em gatos causando DAPP (dermatite alérgica á picada de pulga) além de serem transmissoras do cestódio Dipylidium caninum pois agem como hospedeiro intermediário.
4) Notoedres (escabiose felina)- o ácaro Notoedres cati é responsável pela escabiose felina, onde o paciente clássico será apresentado com queixa de prurido grave, com crostas e pápulas nas margens das orelhas e cabeça. Pode haver linfoadenopatia periférica. O ato de coçar geralmente leva á escoriações e possível infecção bacteriana secundária. Esta doença é altamente contagiosa entre os gatos, por meio de contato direto.
5) Otodectes- Otodectes cynotis, o ácaro do ouvido, é uma causa primária comum de otite externa no gato. O ácaro também pode infestar a pele, fora do canal auditivo, podendo levar ao prurido regional ou dermatite miliar. È uma doença altamente contagiosa e apresenta uma secreção escura seruminosa dentro do ouvido semelhante a "borra de café".
6) Pediculose- Felicola subrostrata, o piolho do gato, é espécie específica para a espécie felina. Em alguns indivíduos afetados podem ser observadas algumas lesões primárias além de uma pelagem descuidada e com nós. Se o prurido for grave, também podem ser observados outros sinais como escoriações, dermatite miliar secundária, deramtite semelhante a DAPP ou perda de pêlos traumática geralmente no dorso.

sábado, 25 de setembro de 2010

DOENÇAS DAS PÁLPEBRAS EM FELINOS











As pálpebras são estruturas dérmicas modificadas, portanto as doenças que afetam a pele podem também afetar as pálpebras. A pálpebra felina é ligeiramente diferente devido ao fato das pálpebras se aderirem firmemente sobre a córnea, formando um saco conjuntival muito pequeno na pálpebra inferior. As pálpebras não possuem cílios verdadeiros, contudo sobre a pálpebras superior, a sequência de pêlos que vai desde o terço médio em direção lateral é considerada como cílios porque parecem ser distintos dos outros pêlos. Devido á anatomia oftálmica própria do gato, este está propenso a desenvolver conjuntivite ou ceratite secundária. Os disturbios das pálpebras não são frequentes em gatos e se dividem em congênitos e adquiridos. O diagnóstico é feito através de exame oftálmico completo que inclui o exame físico externo, teste da lágrima de Schirmer e o teste de corante de fluoresceína ou rosa de bengala, e ainda pode-se efetuar citologia ou CAAF (citologia aspirativa por agulha fina) , para avaliar blefarite, assim como biópsia para se determinar neoplasias.

Os tipos de patologia encontrados nas pálpebras são:
1) Agenesia- falta de desenvolvimento das pálpebras.
2) Ancilobléfaro- retardo da abertura das pálpebras, geralmente causado pelo herpesvírus felino com infecção bacteriana secundária.
3) Oftalmia neonatorum- afecção que ocorre nos olhos antes da abertura das pálpebras com acúmulo de pús. podem ser causados por herpesvirus, chlamydia ou micoplasma.
4) Hidrocistomas- (Persas e himalaios) presença de hidrocistomas apócrinos que são estruturas císticas das glândulas de Moll, nas margens palpebrais.
5) Blefarite- é uma inflamação das pálpebras que pode ser causada por reação alérgica ou autoimune ou infecção, tanto por bactérias ou parasitas.
6) Neoplasia- as lesões neoplásicas podem ser observadas ao longo da margem palpebral ou envolvendo toda a pálpebra, os mais frequentes são o carcinoma de células escamosas, carcinoma de células basais, mastocitoma e o fibrossarcoma.
7) Distiquíase/ Triquíase/ cílios ectópicos- é a ocorrência de pêlos que se originam de localização ectópica.
8) Entrópio-é a inversão interna da pálpebra.
9) Ectrópio-é a eversão externa da pálpebra.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

PERITONITE INFECCIOSA FELINA (PIF)



 

A peritonite infecciosa felina (PIF) é uma doença viral progressiva, imunomediada e com poucas exceções, fatal dentro de poucas semanas que acomete os felinos domésticos assim como selvagens. È causada por um coronavírus felino (CoVF) após sofrer uma mutação do coronavírus entérico o qual encontra-se disseminado e praticamente não é patogêncio. De forma geral, o coronvírus felino causa um distúrbio gastrointestinal mais localizado, que resulta em diarréia (coronavírus entérico felino). Para que a PIF propriamente dita ocorra o vírus deve sofrer uma mutação espontânea no hospedeiro de forma a tornar-se uma cepa indutora de PIF. Portanto é importante salientar-se que um animal pode apresentar sorologia positiva para coronavírus e nunca desenvolver PIF. A infecção por coronavírus em geral ocorre por meio da ingestão do vírus, mas a inalação também pode permitir o acesso viral. Pelo fato dos gatos eliminarem partículas virais nas fezes, a exposição á bandeja sanitária e artefatos de banho e tosa são provavelmente as fontes mais importantes de infecção. Os gatos que vivem em casas com alta população de felinos ou aqueles que sofrem exposição a outros gatos apresentam um alto risco de contraírem CoVF e, em consequência, PIF, em parte por causa dos níveis mais elevados de exposição viral e, provavelmente por um nível mais alto de estresse. Clinicamente os gatos são apresentados com sintomas variados envolvendo vários sistemas. Em muitos casos abserva-se anorexia, mas também podem ter apetite normal. Em geral os animais apresentados são jovens e em alguns casos apresentam ascite, e o histórico inclui estresse recente devido á novo ambiente, cirurgia ou doença, e observa-se diarréia, letargia, perda de peso ou inapetência. Muitos gatos apresentam febre de baixa intensidade não responsiva á antibióticos. A PIF apresenta-se de duas formas clínicas principais, forma efusiva (úmida) caracterizada pela presença de líquido nas cavidades e não efusiva (seca). O aparecimento de uma forma ou outra está relacionado com o tipo de resposta imune que o animal desenvolve após uma prima infecção por VPIF. è importante frisar que pode ser difícil de atingir um diagnóstico antemortem de PIF não exudativa. Ela deve fazer parte da lista de diagnósticos diferenciais para qualquer gato com perda de peso crônica , inapetência e febre. A biópsia tecidual deve ser feita quando possível, assim como testes para FIV e FELV pois muitos gatos com PIF são positivos para FELV. O teste de gatos sadios expostos ao VPIF por meio de título de CoVFE não é interessante, uma vez que um título positivo não possui valor preditivo para a doença.
A terapêutica primária é a eutanásia visto que não existe tratamento comprovadamente bem sucedido para a PIF. Quando a PIF é confirmada ou quando as evidências são convincentes, a eutanásia é a opção mais lógica. A terapêutica secundária é baseada em quimioterapia (predinisolona, ciclofosfamida e outros imunossupressores tem fornecido resposta temporária quando combinados com os cuidados de suporte. Estes agentes não são curativos, eles podem retardar a progressão da doença. O suporte nutricional, fluidoterapia e a remoção dos derrames devem fazer parte de qualquer esforço terapêutico. O prognóstico para os gatos com PIF é grave. Contudo, os gatos sadios e soropositivos para coronavírus não devem sofrer eutanásia, uma vez que poucos deles irão desenvolver a doença.

sábado, 28 de agosto de 2010

LIPIDOSE HEPÁTICA

A lipidose hepática é um distúrbio de gatos caracterizado por extenso acúmulo de triglicerídeos nos hepatócitos, colestase intra-hepática grave e insuficiência hepática progressiva. A causa e a fisiopatologia subjacentes permanecem pouco conhecidas. Ainda que a lipidose hepática possa ocorrer secundariamente a outras afecções (como diabetes melito, hipertoreoidismo, neoplasias e pancreatite) e se associe quase sempre com anorexia ou desnutrição em gatos obesos, a afecção é, em geral idiopática. A fisiopatologia permanece pouco conhecida, mas a anorexia e seus efeitos nos metabolismos proteico e lipídico parecem exercer papel importante . Os mecanismos propstos incluem uma associação de fatores como anorexia crônica, obesidade e estresse. A maioria dos gatos afetados é adulta e não há predisposição sexual ou racial. Os gatos afetados são comumente obesos e sofreram há pouco evento estressante, em decorrência do qual se tornaram anoréxicos e perderam peso rapidamente. Os sinais clínicos incluem redução de apetite, perda de peso significativa (com frequencia acima de 25%, oque pode ser obscurecido pela obesidade continuada), depressão, vômito e icterícia. Hepatomegalia leve é achado comum. Nos estágios posteriores, podem-se encontrar sinais de encefalopatia hepática ou disturbios de coagulação. Uma vez fechado o diagnóstico de LH, o aspécto mais importante do tratamento é um suporte nutricional imediato e completo. Desequilíbrios hídricos e eletrolíticos devem ser corrigidos com fluidoterapia e terapêutica eletrolítica intravenosas. È importante corrigir as anormalidades séricas de potássioe fósforo, que não corrigidos podem levar á anemia hemolítica. Em seguida deve-se proporcionar suporte nutricional por meio de sonda nasoesofágica, esofágica ou gastrostomia. Deve-se utilizar um produto rico em proteínas e denso em calorias sendo ministrado de forma gradativa até que o gato possa voltar a se alimentar sozinho. O uso de antieméticos é auxiliar nestes casos. O prognóstico permanece reservado, porém com diagnóstico precoce e tratamento agressivo, a maior parte dos gatos sobrevive sem sequelas, porém aconselha-se a não deixar o animal voltar a ficar obeso.

CORREÇÃO DE FRATURAS DIAFISÁRIAS FEMORAIS






























As fraturas femorais e de pelve em felinos geralmente são causadas por traumas principalmente acidentes automobilisticos, traumas contusos ou mesmo projétil balístico. Em alguns casos, um paciente se apresentará com fratura femoral aguda sem traumatismo ou história evidente de trauma, nestes pacientes, as fraturas podem ser secundárias a uma patologia óssea preexistente. Tumores ósseos primários ou metastáticos são a causa mais comum de fraturas patológicas. Quando se encontra presente uma doença preexistente, radiografias tiradas no momento da lesão mostram lise cortical e nova formação óssea na área fraturada.
A diáfise femoral (corpo) é a porção média do osso que se curva craniocaudalmente e se situa entre as extremidades articulares. Um pino intramedular colocado no interior do fêmur de maneira normógrada é inserido á partir da fossa trocantérica, através da linha da fratura , e fixado nos côndilos femorais. Um pino IM colocado no fêmur de maneira retrógrada é inserido na linha de fratura, direcionado proximalmente para sair na fossa trocantérica, e depois (após a redução da fratura) direcionado através da fratura e dentro do fragmento distal.
O uso de pino IM proporciona resistência excelente a encurvamento, mas não resiste a forças rotacionais ou carregamento axial. Deve-se usar implantes adicionais para proporcionar suporte mecânico apropriado para a maior parte das fraturas. Pode-se utilizar a combinação de pino IM com fixação esquelética externa que é a aplicação de um número adequado de pinos de transfixação além do pino IM. O numero e o tipo desses pinos variam com a rigidez desejada e o período de tempo em que o fixador deve permanecer em posição. O resultado se mostra bastante satisfatório, com uma boa cicatrização girando em torno de 60 dias.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

TUMORES MAMÁRIOS EM GATAS

Os tumores mamários são menos freqüentes na gata do que na cadela (25,4 para 100.000 gatas). A idade média de aparecimento dessa afecção é mais elevada do que na cadela, cerca de 11 anos; quando um tumor mamário aparece antes de 6 anos, trata-se quase sempre de um tumor benigno. A castração precoce atenua o risco tumoral. A influência da raça, da família ou da atividade genital não foi evidenciada. Diversos casos foram assinalados nos machos, principalmente nos castrados.
Características anatomopatológicas:
Os tumores mamários são vistos em todas as mamas, mas M1 parece ser a mais atingida (60% dos casos). Os tumores múltiplos não são raros, como também as ulcerações e as formas em “placard”. Mais de 90% dos tumores são malignos; trata-se essencialmente de epiteliomas glandular e trabecular; os tumores mistos malignos não foram assinalados. A fibroadenomatose generalizada se desenvolve nas gatas jovens e atinge quase todas as mamas. Diversos casos foram observados durante a gestação ou nas gatas que receberam várias injeções de progestágenos, com a finalidade de evitar as manifestações estrais. Trata-se, portanto, de uma lesão hormoniodependente. A mastose evolui sobretudo nas gatas idosas (mais de 5 anos) e se traduz pela evolução, sobre uma ou várias mamas, de quistos subcutâneos da parede fina, de coloração rósea ou mais freqüente, azulada (lesão em ápice azulado), contendo um líquido claro. Os tumores mamários malignos evoluem quase sempre em menos de um ano para a generalização e as recidivas locais são freqüentes após a exérese cirúrgica. As metástases são tão freqüentes não só nos pulmões (80%), como também nos gânglios loco-regionais (80%): -para M1 e M2 nos gânglios axilar e axilar acessório; -para M3 e M4 no gânglio inguinal superficial. Secundariamente, outros órgãos podem ser atingidos (pleura, fígado, rins, outros gânglios). As metástases pulmonares miliares não são raras na gata. Portanto, o prognóstico é sempre grave. Nas gatas jovens, os tumores são sobretudo benignos.

ENDODONTIA E RESTAURAÇÕES NO GATO

A endodontia é a remoção parcial ou completa da polpa dental, órgão que atua como fonte nutricional e componente de percepção sensorial da estrutura íntima do dente. As indicações para o tratamento endodontico são as fraturas, a pulpite e a necrose pulpar. È importante evitar ao máximo a exodontia (extração) de dentes problemáticos, uma vez que preservar a dentição mantém a integridade do aparelho mastigatório, além de que a exodontia causa reabsorção e remodelação do suporte ósseo. Nos casos de trauma recentes, onde a polpa continua viva, pode-se proceder somente a restauração, porém nos casos onde ocorre morte e consequente necrose pulpar, deve-se proceder o tratamento endodôntico. Os danos causados por trauma promovem a deterioração ou perda da estrutura de sustentação do osso alveolar e consequente morte da polpa. As alterações provocadas pelo trauma pulpar causam vasodilatação e posteriormente vasoconstricção levando a um bloqueio do aporte nutricional e consequente necrose pulpar. O processo necrótico é geralmente irreversível e requer a remoção do tecido necrosado e infectado. O diagnóstico deve ter início com o exame físico da cavidade oral através de inspeção visual, seguido de estudo radiográfico. A evidência radiográfica de envolvimento endodôntico é a presença de área de radioluscência (reabsorção óssea) no ápice da raiz ou na região periapical. Em função da densidade óssea, este sinal costuma ser percebido adequadamente apenas 4-6 semanas após o advento do trauma ou da infecção. PROTOCOLO TERAPÊUTICO DA ENDODONTIA 1) acesso á câmara pulpar e ao canal radicular, com broca. 2) Odontometria (verificar extensão do canal). 3) Isolamento do campo operatório. 4) Extirpação do tecido pulpar necrosado. 5) Desinfecção do canal radicular. 6) Limagem- para limpeza das paredes do canal radicular. 7) Desinfecção do canal e da câmara pulpar.. 8) Secagem. 9) Obturação (obliteração) do canal radicular. 10) Restauração com amálgama (liga de limalha metálica + mercúrio), compósitos (resina fotopolimerizavel), ou cimento de ionômero de vidro.