sábado, 2 de outubro de 2010

URETROSTOMIA PERINEAL (DTUIF / FLUDT) obstrução uretral recorrente



A uretrostomia perineal é um método cirúrgico de desvio urinário permanente em que a uretra peniana é excisada e a uretra pelvica suturada á pele perineal. Este é um procedimento de escolha para felinos machos que sofrem de repetidos episódeos de obstrução uretral como resultado de doença do trato urinário inferior ou urólitos uretrais. Em alguns casos de traumatismo uretral inferior, há indicação para este método. Não se deve fazer a cirurgia em gatos urêmicos. Antes da cirurgia são indicadas fluidoterapia e correção dos desequilíbrios eletrolíticos e ácido-básicos. Quando feita corretamente, esta cirurgia evita  a maioria dos casos de obstrução uretral em felinos machos.. O numero de felinos que necessitam desta cirurgia vem declinando possivelmente devido ao resultado do tratamento nutricional das doenças do rato urinário inferior desses animais. O método implica em castração do gato que deve ser orientada ao proprietário. A técnica de forma gerla é a seguinte: antes de iniciar a cirurgia, aplica-se uma sutura em bolsa de tabaco no ânus. Faz-se uma incisão cutânea elíptica, envolvendo o escroto e prepúcio. Faz-se a incisão do tecido subcutâneo e os músculos isquiocavernosos são isolados e submetidos a incisão bilateral. O ligamento peniano ventral é incisado para liberar a uretra pélvica. Faz-se excisão do músculo retrator do pênis e a uretra é incidida em sua face dorsal, até a altura das glândulas bulbouretrais. As glândulas situam-se em ponto imediatamente proximal aos músculos isquiocavernosos, estando atrofiados em felinos machos castrados. A uretra pélvica é suturada á pele com pontos interrompidos simples. O restante do estoma uretral-cutâneo pode ser suturado com pontos interrompidos ou contínuos. Depois da cirurgia o paciente deverá usar colar de contenção durante 2 dias para impedir ocorrência de autotraumatismo, e utilizar papel picado na caixa de areia durante este período até a retirada dos pontos. Durante o resto da vida, o gato deverá ser monitorado a intervalor de 6 a 12 mêses para infecção do rato urinário e formação de urólitos.

COMPLEXO GRANULOMA EOSINOFÍLICO


O complexo granuloma eosinofílico é uma síndrome de 3 padrões de reação cutânea que acometem a pele, as junções mucocutâneas e a cavidade bucal dos gatos.As lesões ocorrem em resposta a uma alergia subjacente (mosquitos, ectoparasitas, alimentos, atopia) ou outros fatores imunomediados; acredita-se que bactérias, vírus, fatores genéticos e estresse desempenhem algum papel em certos casos. São observadas 3 formas distintas dessa síndrome: granuloma linear (colagenolítico), placa eosinofílica e úlcera indolente. Embora cada padrão de reação tenha diferenciações histológicas, pode ocorrer superposição entre padrões e alguns gatos podem apresentar-se com mais de uma forma. Por essa razão as 3 formas são agrupadas em um complexo. Não foi observada predisposição racial para qualquer das formas. Granuloma linear é mais comum em gatas jovens. Ùlceras indolentes são mais comuns em gatas de todas as idades. Os diagnósticos diferenciais primários para granuloma linear são granulomas bacterianos ou fúngicos, hipersensibilidades a insetos e neoplasia. Os diagnósticos diferenciais para placa eosinofílica são micoses sistêmicas, infecção por mycobacterium, demodicose, dermatose ulcerativa idiopática e neoplasia. Para a forma de úlcera indolente, devemos considerar como diagnósticos diferenciais herpesvirus, calicivírus, micoses sistêmicas, úlceras infecciosas, neoplasia e traumatismo.
Clinicamente a placa eosinofílica se apresenta como áreas elevadas e bem demarcadas de alopecia e ulceração, comumente na parte ventral do abdome e partes mediais das coxas. Já as úlceras indolentes são lesões circunscritas que ocorrem uni ou bilateralmente no lábio superior. E o granuloma linear se apresenta tipicamente como faixa de tecido alopécica e bem circunscrita, na parte caudal das coxas. Lesões relacionadas também podem ocorrer nos coxins podais, na laringe e na língua. Alguns gatos apresentam tumefação da parte inferior do queixo ou lábio. Frequentemente está presente linfadenopatia, e o prurido é variável.
A terapêutica envolve identificação da causa subjacente, uso de antibióticos, corticosteróides (é a mais utilizada)e em alguns casos, agentes imunomoduladores, suplementação com ácidos graxos e nos casos resistentes a corticosteróides a ciclosporina A. Pode ocorrer a cura espontânea das lesões em animais jovens e em casos de tratamento prolongado com corticosteróides pode-se provocar o aparecimento de diabetes melito. O prognóstico é bom, porém pode ocorrer recidiva caso não se consiga identificar a causa subjacente.

FÍSTULA PERIANAL EM FELINOS (Impactação e inflamação dos sacos anais)


Os sacos anais secretam uma substancia de odor fétido que faz parte do sistema de defesa do felino. Muitos gatos domésticos (especialmente os geriátricos) tem estilo de vida sedentário fazendo com que nunca ocorra a compressão natural dos sacos anais. Consequentemente, a secreção dos sacos anais fica ressecada e espessada causando uma impactação, o animal sente dor ao defecar e pode ter tenesmo. O gato reage a esta situação lambendo ou mordendo a região perineal. Se ocorrer infecção dos sacos anais a dor aumentará. Pode ocorrer ruptura da pele sobre o saco anal, e então será expeleido material purulento ou sanguinolento pelo trajeto drenante que forma uma fístula. A doença de saco anal em cães comumente faz com que o animal arraste os quartos posteriores no chão, porém este não é um achado frequente nos gatos com este problema. Mas quando isto ocorre, podemos suspeitar de alergia alimentar procedendo com a retirada de alguns alimentos para fins de diagnóstico. Alguns gatos com saculite anal lambem a área perianal e a parte caudal das coxas, oque causa o padrão simétrico de alopecia.
O tratamento é feito através da compressão manual para remoção da secreção, limpeza e irrigação da região, uso de antibióticos tópicos e uso de antibióticos sistêmicos. Caso este tratamento não seja eficiente, pode-se considerar a drenagem cirurgica ou mesmo a saculectomia anal em casos recidivantes.
Esta é uma doença incomum em gatos, raramente os gatos apresentam incontinência de saco anal, resultado em frequente liberação da secreção produzida neste órgão. Compreende-se que esta situação seja desagradável para o animal e seus proprietários, sendo indicada então a saculectomia anal.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ECTOPARASITAS EM FELINOS











O ectoparasitismo é uma causa comum, ainda frequentemente subestimada, de dermatopatia em felinos. Os parasitas externos da pele podem mimetizar outras dermatites, mas podem envolver tratamentos e prognósticos muito diferentes. Os parasitos da pele devem ser sempre incluídos na lista de diagnósticos diferenciais para a dermatopatia em felinos e devem ser considerados no diagnóstico e plano de tratamento, antes de se iniciar a investigação de outras dermatopatias em felinos. Os ectoparasitas de maior frequencia em felinos são:
1) Demodicose- é causada por 3 variedades distintas de demodex spp
2) Queiletielose- é causada por um ácaro denominado cheyletiella blakei e o principal sintoma clínico é o excesso de descamação principalmente sobre o tronco em geral com prurido.
3) Pulgas- são responsáveis por dermatites significativas em gatos causando DAPP (dermatite alérgica á picada de pulga) além de serem transmissoras do cestódio Dipylidium caninum pois agem como hospedeiro intermediário.
4) Notoedres (escabiose felina)- o ácaro Notoedres cati é responsável pela escabiose felina, onde o paciente clássico será apresentado com queixa de prurido grave, com crostas e pápulas nas margens das orelhas e cabeça. Pode haver linfoadenopatia periférica. O ato de coçar geralmente leva á escoriações e possível infecção bacteriana secundária. Esta doença é altamente contagiosa entre os gatos, por meio de contato direto.
5) Otodectes- Otodectes cynotis, o ácaro do ouvido, é uma causa primária comum de otite externa no gato. O ácaro também pode infestar a pele, fora do canal auditivo, podendo levar ao prurido regional ou dermatite miliar. È uma doença altamente contagiosa e apresenta uma secreção escura seruminosa dentro do ouvido semelhante a "borra de café".
6) Pediculose- Felicola subrostrata, o piolho do gato, é espécie específica para a espécie felina. Em alguns indivíduos afetados podem ser observadas algumas lesões primárias além de uma pelagem descuidada e com nós. Se o prurido for grave, também podem ser observados outros sinais como escoriações, dermatite miliar secundária, deramtite semelhante a DAPP ou perda de pêlos traumática geralmente no dorso.