Polidactilia se refere a uma anomalia física congênita na qual o gato nasce com 1 ou mais dígitos nas patas do que o número normal. Trata-se de uma doença genética autossômica dominante. Gatos normais tem um total de 18 dígitos sendo 5 em cada membro torácico e 4 em cada membro pélvico. Neste caso podem apresentar até 8 dígitos em cada membro. Um estudo genético do DNA de animais com esta condição indicam que diferentes mutações podem levar a esta alteração, concluindo-se que as colônias de gatos com polidactilia podem ter se originado de diferentes grupos de gatos e não tido origem genética dos mesmos gatos.
O famoso escritor vencedor do prêmio nobel de literatura Ernest Hemingway foi um famoso aficcionado pelos gatos polidáctilos. Seu primeiro gato com polidactilia foi presente de capitão de navio, era um gato branco chamado snowball. Após sua morte em 1961, sua residência em Key West, Florida se tornou um museu e o lar de seus gatos e hoje abriga cerca de 55 animais descendentes daqueles gatos, os quais mais de 50 % são polidáctilos. Nos EUA os gatos que apresentam esta anomalia são também conhecidos como "Hemingway cats". A raça geneticamente mais predisposta á polidactilia é o Maine Coon.
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
domingo, 9 de novembro de 2014
PANCREATITE FELINA
A pancreatite aguda é caracterizada pela inflamação do tecido pancreático exócrino
e por distúrbios da microcirculação pancreática. A maior parte dos pesquisadores
acredita que a PA seja causada pela ativação desregulada da tripsina nas
células acinares do pâncreas. A ativação enzimática dentro do pâncreas leva a
autodigestão da glândula e inflamação local. O processo se inicia quando os
mecanismos de proteção intracelular responsáveis por evitar a ativação do
tripsinogênio ou reduzir a atividade da tripsina (como a separação física dos
grânulos de zimogênio dos lisossomos, inibidores específicos de tripsina e
baixas concentrações intracelulares de cálcio ionizado) são sobrepujados. A
ativação inicial da tripsina pode se dar em decorrência de estresse oxidativo ou
hipotensão. Depois da ativação intracelular do tripsinogênio, também são
ativadas várias outras enzimas, como a elastase e a fosfolipase A2, assim como
o complemento e as vias de cinina. As enzimas pancreáticas ativadas são então
liberadas no tecido pancreático, provocando inflamação local.
Fatores Predisponentes
Entre os gatos, a predisposição etária, sexual ou racial e a associação entre
índice de massa corporal e pancreatite não foram estabelecidas (a maior parte
das pesquisas associa esta doença a animais abaixo do peso, e não a obesos).
A faixa etária descrita em literatura é ampla (de 5 semanas a 20 anos de idade),
mas gatos com idade superior a 7 anos têm maior chance de desenvolver a
doença. Na maior parte dos casos, não se consegue identificar uma causa de
base ou um evento desencadeador, o que faz com que a doença seja
classificada como idiopática. Trauma abdominal, doenças infecciosas
(toxoplasmose, parasitose hepática, PIF e FIV), lipodistrofia e administração de
organofosforados já foram associados com a pancreatite felina, mas
aparentemente respondem por um percentual muito baixo de casos. Em um
estudo experimental com gatos, a hipercalcemia precipitou pancreatite; um outro
estudo relatou pancreatite celular induzida por aspirina. As evidências de que a
administração de glicocorticoides possa levar à inflamação pancreática aguda
em gatos permanecem anedóticas. O papel causal da inflamação intercorrente
do trato biliar e/ou intestinal na patogênese da pancreatite continua a ser objeto
de especulação. A colangite é o tipo mais importante de doença do trato biliar
com a qual já se estabeleceu uma associação.
Apresentação Clínica
Letargia (86-100%) e anorexia parcial ou total (95-97%) são os sinais clínicos
mais comuns em gatos com diagnóstico de pancreatite aguda necrosante.
Todos os demais sinais clínicos ocorrem apenas esporadicamente. É importante
notar que os sinais clássicos – “de livro” – da pancreatite em cães normalmente
estão ausentes em gatos – os vômitos ocorrem em 35 a 52% dos gatos; dor
abdominal, em 25%; diarreia, em 15%; e febre, em apenas 7%. Outros achados
e exame físicos relatados são: desidratação (92%), taquipneia (74%), hipotermia
(68%), taquicardia (48%) e dispneia (20%). Quase um quarto dos gatos com
pancreatite (23%) apresentam massa abdominal palpável, que pode ou não ser
dolorosa à palpação e é facilmente confundida com lesão em outra estrutura
intra-abdominal. Alguns casos de PA estão associados com síndromes clínicas
graves: choque, coagulação intravascular disseminada (CID) e falência de
múltiplos órgãos. Tanto a pancreatite aguda quanto a crônica podem estar
envolvidas no desenvolvimento de diabetes mellitus transitória ou permanente
Avaliação Laboratorial
As alterações hematológicas em gatos com pancreatite são inespecíficas. Em
gatos com NPA, os achados incluem anemia não-regenerativa (26%),
hemoconcentração (13%), leucocitose (30%) e leucopenia (15%). As alterações
bioquímicas nos gatos acometidos normalmente refletem doenças
concomitantes. Altas concentrações séricas de bilirrubina e o aumento da
atividade de enzimas hepáticas são comuns. A glicemia e a colesterolemia
podem estar elevadas, e também são comuns a azotemia e a redução dos
níveis séricos de potássio e cálcio. A baixa concentração plasmática de cálcio
ionizado tem sido correlacionada com um pior prognóstico em gatos com NPA.
A atividade da lipase sérica aumenta ligeiramente logo no início da pancreatite
experimental em gatos, porém a amilase sérica diminui de fato. A atividade
sérica de ambas as enzimas é frequentemente normal em gatos com pancreatite
espontânea. Os níveis de amilase e lipase aumentados estão associados à má
absorção crônica (doença intestinal crônica), e ambas as enzimas podem
aumentar sempre que a taxa de filtração glomerular estiver reduzida. Desta
forma, a atividade da lipase ou da amilase séricas não tem valor clínico no
diagnóstico da pancreatite em felinos. O teste Spec Fpl (Lipase Pancreática
Felina) é um ELISA monoclonal que está disponível comercialmente há pouco
tempo. Um estudo apresentado em formato de abstract (no Fórum ACVIM de
2009) estimou que a sensibilidade desse teste no diagnóstico da pancreatite
seja de 79% com especificidade de 82%, utilizando um valor de corte
diagnóstico >= 5,4 μg/L. O SNAP fPL é um teste muito útil que pode ser usado
no consultório para o diagnóstico de exclusão de pancreatite. Assim como
acontece com o Spec fPL, um resultado positivo precisa ser interpretado à luz de
outros dados clínicos.
Diagnóstico por Imagem
Assim como nos cães, a base racional para a solicitação de radiografias
abdominais em gatos com os sinais clínicos descritos acima é a exclusão de
outras causas de sinais gastrointestinais inespecíficos. Os achados em gatos
com pancreatite são semelhantes aos encontrados em cães.
A ultrassonografia abdominal é um exame diagnóstico fundamental em gatos
com suspeita de pancreatite. Entre os achados, podem aparecer: efusão
peritoneal; pâncreas hipoecoico com gordura peripancreática e mesentério
hiperecoicos; lesões cavitárias; efeito de massa na porção crania do abdome
e/ou dilatação do duto biliar. Em um estudo com felinos, a ultrassonografia
abdominal apresentou sensibilidade de 24% no diagnóstico de pancreatite. Isto
significa que em alguns gatos com PA confirmada por biópsia não há alterações
detectáveis na USG. Os achados ultrassonográficos anormais, no entanto, são
altamente específicos para pancreatite, o que significa que um gato com os
sinais clínicos característicos apresentando alterações ultrassonográficas no
pâncreas tem grandes chances de ter sido corretamente diagnosticado com pancreatite.
A punção aspirativa por agulha fina guiada por ultrassonografia do pâncreas e do tecido
e/ou fluido peri-pancreático pode auxiliar no diagnóstico de pancreatite.
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