terça-feira, 8 de setembro de 2009

MACERAÇÃO FETAL causada por progestágenos exógenos

Relato de caso de maceração fetal em fêmea felina SRD de 8 anos que foi tratada durante anos com progestágenos sistêmicos (anticoncepcionais) e apresentou corrimento vaginal de aspécto purulento há cerca de 2 semanas, sugestivo de piometra aberta, cuja indicação foi laparotomia. Durante o procedimento cirúrgico observou-se presença de gestação e maceração fetal. A interrupção da gestação na gata tem causas multifatoriais, podendo estar relacionada a fatores endócrinos, nutricionais, traumáticos, infecciosos e a alterações congênitas do trato reprodutivo. A evolução clínica da interrupção da gestação depende, normalmente, do estágio de desenvolvimento e da causa primária do processo. Sendo assim, a interrupção patológica da gestação pode se manifestar na forma de morte embrionária seguida de reabsorção, aborto de um feto morto ou vivo, nascimento de um feto a termo porém morto ou morte fetal seguida de maceração ou mumificação fetal. A mumificação ocorre em um ambiente estéril e se caracteriza por autólise do feto seguida da absorção das membranas e fluidos fetais. Desta forma, ocorre a total desidratação do feto que adquire a forma de tecido mumificado, o que dá origem à denominação de mumificação fetal. Quando a morte fetal não é seguida de aborto mas ocorre a abertura do canal do parto e contaminação ascendente do útero, o processo de mumificação não se desenvolve, ocorrendo enfisema e maceração dos tecidos fetais com desenvolvimento de putrefação no interior do útero, toxemia e em algumas situações mais graves, septicemia. A maceração fetal, também denominada de feto enfisematoso pode acontecer ainda quando a fêmea gestante está infectada com alguns agentes microbianos específicos como a Brucelose, tricomonose, entre outras. A maceração fetal muitas vezes é diagnosticada quando a fêmea manifesta sinais de toxemia ou septicemia, sendo portanto uma emergência obstétrica que exige rapidez no preparo cirúrgico da paciente, simultaneamente à correção dos desvios metabólicos como desequilíbrios hidro-eletrolíticos e tratamento do problema. Deve-se, portanto, investigar criteriosamente o estado geral do animal e mensurar os parâmetros fisiológicos com o objetivo de se estabelecer a melhor condiçãocirúrgica possível, o que implica na reposição de fluídos, tratamento dos distúrbios ácido-básicos, tratamento da infecção ou do choque, quando este está presente. Deve-se tentar estabelecer através de exames por imagem se existe acúmulo de gás, líquido no interior do útero e investigar a possibilidade de ruptura da parede uterina com desenvolvimento de peritonite. Normalmente, a maceração fetal vem acompanhada de lesões uterinas avançadas que se manifestam na forma de uma parede uterina espessada, com presença de exudato inflamatório séptico e em casos mais graves lesões da parede pelos ossos fetais que em algumas situações chegam a perfurar totalmente o útero. Após a estabilização do quadro clínico geral da paciente deve-se proceder ao tratamento cirúrgico que consiste na castração.