sábado, 12 de novembro de 2011

DIABETES MELITO EM FELINOS

Diabetes melito é o segundo distúrbio endócrino mais comum em gatos, é uma doença resultante do comprometimento da função e/ou da destruição das células B (beta)-pancreáticas. A diabetes complicada, como cetoacidose diabética, ocorre quando  a deficiência de insulina leva á mobilização das gorduras do corpo para produção de energia. A ocorrência de lipólise resulta no aumento da produção de corpos cetônicos e em acidose. Isso, por sua vez resulta em cetonúria, cetonemia, acidose metabólica, desidratação e vários desequilíbrios de eletrólitos. É imperativo que a cetoacidose seja rapidamente identificada pois trata-se de emergência clínica real. Clinicamente observa-se poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso oque diferencia esta patologia de outras causadoras de hiperglicemia. Podem ocorrer neuropatia diabética e postura plantígrada (característica). Tanto a hiperglicemia quanto a glicosúria persistentes devem estar presentes para diferenciar esse distúrbio de outras causas desses sinais clínicos e da hiperglicemia de estresse. A cetonúria é um teste crítico para o diagnóstico de cetose. Quando não se tem urina para o teste, pode-se usar sangue. O teste de frutosamina sérica determina o nível médio de de glicose para as 2 semanas precedentes. Pode ser utilizado para diferenciar hiperglicemia persistente e hiperglicemia de estresse. A cetoacidose deve ser identificada imediatamente, porque gatos acometidos podem morrer dentro de poucas horas se não forem tratados de forma adequada e intensa. Cetonúria pode ser causada por anorexia ou inanição. Quando está ocorrendo cetonúria, antes de diagnosticar cetoacidose diabética, certificar-se de que estão presentes os demais sintomas de diabetes. São comuns as infecções do trato urinário e a doença periodontal em gatos diabéticos, esses eventos dificultam muito sua regulação. Pancreatite crônica pode levar ao surgimento de DM, pela destruição das células B. Eventualmente, a pancreatite pode limitar a função pancreática exócrina e causar insuficiência pancreática exócrina. Quando estão presentes sinais de IPE deve ser efetuado o teste de imunorreatividade similar á tripsina específica para felinos. O tratamento consiste no controle sintomático, na administração de insulina (ultra lenta / lenta NPH / PZI), dieta apropriada, hipoglicemiantes orais (glipizide) e controle de doenças intercorrentes. Procurar manter a glicemia entre 100 e 250 mg/dl e observar se não ocorre "Efeito Somogy" (hiperglicemia de rebote).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

HIDRONEFROSE EM FELINOS



A hidronefrose ocorre quando uma obstrução ao efluxo urinário leva ao acúmulo de urina no interior da pelve renal ou nos divertículos renais. A pelve dilata, resultando em pressão e atrofia  isquêmica da córtex renal. No caso de hidronefrose unilateral, a obstrução envolve apenas um ureter ou rim. A doença bilateral pode ser decorrente de obstrução na uretra, na bexiga ou nos dois ureteres. Se ocorrer doença unilateral, o rim normal poderá funcionar até que  até que o rim anormal atinja enormes proporções. Nos caso de doença bilateral, o gato pode apresentar uremia e morrer antes que a renomegalia se torne significativa. A hidronefrose pode ser causada por malformação congênita ou pode estar associada a cálculos vesicais ou em um ou ambos ureteres, neoplasia, ligação ureteral durante ovário-histerectomia, massas pélvicas e, raramente, fibrose ureteral bilateral. Na maioria das vezes a etiologia não e determinada. Gatos com doença unilateral podem ser apresentados por causa da distensão abdominal, enquanto que a doença bilateral pode levar a sinais evidentes de insuficiência renal. Se ocorrer pielonefrite, ocorrerão também letargia, febre, anorexia e hematúria. Gatos com doença bilateral geralmente apresentam sinais de insuficiência renal.
O diagnóstico é feito através de exame clínico (aumento do tamanho do rim), ultrassom (revela um rim cheio de líquido, dilatado e anecóico, com quantidade variável de tecido parenquimatoso renal), pode-se efetuar também uma urografia excretória. 
O tratamento se dá pela remoção da causa da obstrução quando primária e nefrectomia quando a função renal for perdida. è indicada antibioticoterapia sistêmica se forem detectadas bactérias no trato urinário. Quando um ureter está obstruído, ele aumenta e a parede sofre espessamento suficiente para possibilitar a cirurgia. Se a obstrução ureteral for eliminada dentro de 1 semana, pode-se esperar pelo retorno da função renal. A lesão renal irreversível tem início 15 a 45 dias após a obstrução; mas adiante de uma obstrução, pode haver algum retorno da função renal em até 4 semanas. O prognóstico é bom para doença unilateral, seja devido ao retorno da função do rim acometido, seja pela nefrectomia (admitindo-se que  o outro rim esteja funcionando normalmente). Assim que ocorrer azotemia, passa a ser grave o prognóstico para gatos com doença bilateral e sem doença subjacente tratável.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

SÍNDROME VESTIBULAR IDIOPÁTICA FELINA

Este é um distúrbio comum com etiologia desconhecida. Resulta da disfunção dos receptores vestibulares periféricos no ouvido interno ou nervo vestibulococlear (nervo craniano VIII). Essa síndrome acomente gatos adultos de qualquer idade sendo que a média é de 4 anos. Não há predileção por sexo ou raça. A doença pode ser mais prevalente no verão ou outono. Os sinais clínicos são início agudo ou peragudo de rolamento, quedas, ataxia, ambulação em círculos fechados e/ou inclinação de cabeça. Frequentemente os gatos assumem uma posição agachada ou se inclinam para um dos lados, relutando em se mover. Os sinais clínicos são sempre para o lado da lesão. Outros sinais concomitantes menos comuns são vômitos, anorexia e vocalização. Os sinais clínicos não progridem. O exame físico revela nistagmo horizontal ou rotatório com fase rápida em afastamento da lesão e, além do que foi descrito, nenhuma outra anormalidade física ou neurológica. A propriocepção consciente está normal, mas este aspécto pode ser difícil de avaliar se o paciente estiver se debatendo ou se mostrar desorientado. Raramente ocorre doença bilateral. Esses gatos são apresentados com postura acabanada e amplas excursões da cabeça, sem nistagmus ou inclinação cefálica e podem cair para qualquer dos lados; muitos são surdos. Os diagnósticos diferenciais a serem considerados para sinais vestibulares periféricos são otite interna, pólipos nasofaríngeos, neoplasia do nervo craniano VIII ou ouvido interno, traumatismo, toxicidade (aminoglicosídeos, furosemida), e distúrbios vasculares (cardiopatia, encefalopatia isquêmica, vasculite,  coagulopatia). O diagnóstico é feito com base nos sinais clínicos , ausência de progressão, melhora rápida e exclusão de outros diagnósticos. No início do processo quando os sinais clínicos são mais drásticos, pode-se sedar o animal com diazepan. Não é recomendada a utilização de glicocorticóides. O prognóstico para recuperação completa é excelente. Comumente a recuperação ocorre em2 a 3 semanas, embora em casos raros o gato possa necessitar de vários mêses para sua recuperação. Quase sempre a inclinação de cabeça é o último problema a desaparecer e alguns gatos terminam ficando indefinidamente com inclinação residual leve a moderada da cabeça. É rara a ocorrência de recidiva.

domingo, 21 de agosto de 2011

ASMA FELINA

A asma felina é também conhecida como bronquite crônica, asma brônquica e bronquite alérgica. Contudo, bronquite crônica (sem inflamação) é provavelmente uma doença distinta. Em geral, a doença é progressiva resultando em bronquiectasia e enfisema. Comumente não são diagnosticados os antígenos que iniciam a liberação de serotonina, mas os suspeitos comuns são o pólen de grama e de árvores, fumaça (de cigarro ou de lareira), produtos em spray (para cabelos, anti pulgas, desodorizantes domésticos), poeira da caixa de dejetos do gato, e pós anti pulgas; também deve ser levado em consideração a possibilidade de alergia alimentar. A fumaça de cigarro está se tornando um fator muito suspeito em casas de fumantes, porque os poluentes gravitam até o assoalho ou carpete; a assimilação  dessas substâncias pela respiração do gato se dá nesta altura ou em suas proximidades. O sinal clínico mais frequente é a tosse, comumente improdutiva e seca/intermitente. Quase sempre gatos asmáticos assumem uma posição agachada característica. Gatos gravemente acometidos apresentam dispnéia expiratória, sibilos, respiração coma boca aberta e cianose. Em termos diagnósticos, além dos sinais clínicos característicos, deve-se efetuar uma radiografia de tórax, onde observa-se um padrão pulmonar intersticial, mas podem ocorrer densidades alveolares maculosas. Em alguns gatos pode ocorrer colapso do lobo pulmonar médio direito . Também pode ocorrer hipertrofia do lado direito do coração e superinflação pulmonar, aerofagia ou enfisema. A TOSSE É UM SINAL CLÍNICO RELATIVAMENTE INCOMUM EM GATOS E A ASMA É A CAUSA MAIS COMUM DESTE SINTOMA.
O tratamento se dá quando possível através da remoção da causa, uso de oxigenoterapia, corticosteróides, broncodilatadores e em alguns casos antibióticos.A redução de peso, evitar alérgenos também é benéfica.
O uso de antihistamínicos é comumente ineficaz para a asma felina e pode ser contra-indicado, pois em alguns gatos a histamina funciona como broncodilatador. O prognóstico é bom, porém em alguns gatos cronicamente acometidos sofrem fibrose e enfisema pulmonar.

SARCOMA DE APLICAÇÃO EM FELINOS

Desde 1992, foi identificada uma associação entre administração de certas vacinas felinas e ocorrência de tumores do tecido conjuntivo. O aumento no nùmero de tumores, principalmente fibrossarcomas, foi observado depois de várias mudanças em produtos de vacinas. Inicialmente, a vacina anti-rábica com vírus vivo foi abandonada em favor da vacina com vírus morto. Em 1985, a adição do hidróxido de alumínio como adjuvante permitiu que a vacina fosse aplicada por via subcutânea. Durante esse período, também foram introduzidas no mercado vacinas para vírus da leucemia felina (FELV). A porcentagem de prevalência dos sarcomas vacinais é de 3,6 casos por 10.000 vacinas para FELV ou RAIVA aplicadas (no entanto sabe-se hoje que não somente vacinas podem desencadear este processo, mas qualquer produto aplicado de forma injetável). O mecanismo de indução tumoral permanece ainda desconhecido, mas especula-se que a resposta inflamatória local associada á certas vacinas  e medicamentos pode propiciar uma resposta desordenada de reparo de tecido conjuntivo, levando á neoplasia. Também está sendo estudado o papel dos oncogenes e dos diversos fatores de crescimento no desenvolvimento tumoral. Embora o desenvolvimento do tumor no local da injeção esteja mais frequentemente associado á vacinas, alguns relatos de casos sugerem que alguns produtos injetáveis  também podem induzir resposta semelhante. O achado clínico mais notável é a tumefação do tecido mole no local da injeção: membro posterior ou flanco, parte dorsal do tórax, espaço interescapular ou sobre a escápula. Embora quase todos os sarcomas vacinais sejam apenas localmente invasivos, 15 a 24% fazem metástases para outros locais, principalmente pulmões. Estes tumores devem ser diferenciados de uma resposta inflamatória no local de aplicação da injeção.
DIAGNÓSTICO:
-Sinais clínicos
-Histopalogia
TERAPÈUTICA:
-Abordagem tripla- Cirurgia, radiação e quimioterapia
-controle da dor
-imunoterapia
PROGNÓSTICO:
Comumente o prognóstico é reservado, devido á recidiva local e natureza agressiva desses tumores.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

GIARDIA EM FELINOS



Giardia é um pequeno protozoário parasita do intestino delgado e, algumas vezes, do intestino grosso que causa diarréia aguda e/ou crônica, ocasionalmente má absorção e, raramente, vômitos. A giardia existe em duas formas: (a) uma forma cística, que é eliminada nas fezes, pode sobreviver durante mêses no ambiente e é infecciosa para outros  animais e para o ser humano também. E (b) uma forma de trofozoíta que se desenvolve no intestino delgado de cistos ingeridos e que causa  sinais clínicos. A giardia é adquirida via ingestão de fezes contaminadas, ou de alimento ou água contaminados. Não existe migração extra intestinal e nem ocorrem infecções transplacentárias e transmamárias. Uma vez ingeridos, os cistos de giardia podem ser eliminados nas fezes 5 a 16 dias mais tarde, podendo permanecer subsistentes na água de rios ou de lagos por até 84 dias. Os sinais clínicos são diarréia de intestino delgado, ocasionalmente diarréia de intestino grosso ou intestinal mista, esteatorréia, borborigmo e perda de peso. Raramente a infecção é grave e causa desidratação, letargia e anorexia. A infecção também pode ser assintomática. Os achados do exame físico podem ser normais ou revelar evidência de diarréia, desidratação e perda de peso. A giardia também pode acompanhar outras doenças intestinais; nesse caso, os sinais clínicos refletem o processo patológico subjacente. A giardia tem importância zoonótica; deve-se discutir como proprietário o manejo apropriado das fezes. Indivíduos imunocomprometidos devem evitar contato com animais infectados.
DIAGNÓSTICO
- Flotação fecal em sulfato de zinco
-Esfregaço direto em salina
DIAGNÓSTICOS AUXILIARES
-Elisa fecal
-Aspirado duodenal
-Resposta ao fenbendazol (Panacur)
TRATAMENTO
-Fenbendazol (Panacur)
-Metronidazol (Flagyl)
-Albendazol
-Desinfecção das caixas sanitárias e troca da areia diariamente
As infecções podem ser autolimitantes e portanto em alguns casos podem dispensar o tratamento. Os cistos no ambiente são vulneráveis ao ressecamento e á maioria das soluções desinfetantes Uma vacina para giardia foi testada e se mostrou eficiente, porém seu uso somente foi aprovado em cães apesar de ser segura para uso em gatos e poderia eventualmente ser utilizada em casos de infecção persistente ou rescidivante em gatis ou em gatos que vivem fora de casa. O prognóstico é excelente, embora os cistos possam persistir no ambiente, levando á reinfecção. Ocasionalmente é difícil debelar a infecção havendo necessidade de terapia prolongada, principalmente quando há doenças imunossupressoras associadas (FIV e FELV)
-Metronidazol (Flagyl)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

ALOPECIA SIMÉTRICA BILATERAL IDIOPÁTICA




Esta patologia é caracterizada por uma queda de pêlos com mais frequencia na parte ventral do abdome; em seguida, o local mais acometido é a face posterior das patas traseiras, sobretudo acima dos jarretes. Outras áreas de ocorrência são a região imediatamente cranial  á base da cauda e os flancos. Em alguns gatos, todas essas áreas são acometidas, podendo coalescer; isso resulta em alopecia de toda a metade caudal do tronco. Um dos aspectos mais importantes do esquema diagnóstico é determinar se está ocorrendo prurido. Devemos perguntar ao proprietário se o gato está se lambendo, se coçando, se mordendo ou demonstrando excessivo cuidado com sua limpeza. Mas uma resposta negativa não exclui prurido ou alopecia auto-induzida, pois muitos gatos fazem isto ás escondidas.
Diagnósticos diferenciais: pruriginosos ou auto-induzidos
Atopia
Dermatite alérgica á picada de pulgas
alopecia psicogênica
alergia alimentar
dermatofitose
infecção por cheyletiella
demodicose
impactação de saco anal
sarcoptes
ácaros da orelha no tronco
Diagnósticos diferenciais: não auto-induzidos
Estresse: cirurgia, enfermidades sistêmicas, febre
defluxo anagênico
hiperadrenocorticismo
diabetes melittus
hipertiroidismo
alopecia paraneoplásica
alopecia por deficiencia endòcrina
alopecia universal
hipotricose felina (siamês e devon rex)
Diagnósticos primários
-anamnese
-tricograma
-resposta á esteróides
-teste cutâneo intradérmico para reação á pulgas
-teste cutâneo intradérmico e antígenos séricos
-cultura de fungos
-experimento de eliminação de alimentos
- preparação co fita de celofane (cheyletiella)
-injeção de ivermectina
-raspado de pele
-expressão do saco anal
-teste de supressão de T3 ou T4
Em geral esta patologia consiste em  um problema estético e só deve ser tratada em caso de prurido ou auto mutilação.

terça-feira, 12 de julho de 2011

NEOPLASIA ORAL EM FELINOS







As neoplasias orais compreendem 3% de todos os tumores felinos. dentre elas, 70% são carcinomas de células escamosas, 20% são fibrossarcomas e 10% são tumores diversos (linfoma, adenocarcinoma, osteossarcoma, hemangiossarcoma, melanoma maligno, tumores dentários e epúlide). Os tumores tipicamente se originam da mandíbula, maxilar, lingua, gengivas e tonsilas e menos comum, dos lábios, pálato e faringe. Os tumores são mais frequentes em gatos idosos (média de 10 a 12 anos) e não existe predileção racial ou sexual. Os tumores orais tendem a ser localmente invasivos com potencial metastático baixo ou médio dependendo da origem, embora alguns tumores raros apresentem alto poder metastático (melanoma maligno, adenocarcinoma). Os gatos com neoplasia oral geralmente são apresentados com halitose, hemorragia oral, presença de uma massa oral, deformidade facial, ptialismo, perda de peso, disfagia e/ou anorexia. Nem sempre o exame físico revela uma massa oral, os dentes moles sem alterações gengivais ou dentárias significativas  devem alertar o clínico para a possibilidade de um tumor oral e, embora  a metástase seja incomum, ocasionalmente se observa linfadenopatia regional. Os diagnósticos diferenciais para a neoplasia oral incluem o complexo granuloma eosinofílico, o complexo  gengivite/estomatite/faringite felinas doença periodontal, abscesso de raíz dentária, lesões reabsortivas odontoclásticas os pólipos nasofaríngeos e a tonsilite. O diagnóstico é feito através de exame físico, exames de imagem (RX) e biópsia incisional e histopatológica. O tratamento preconizado inclui cirurgia agressiva com margens amplas incluindo em alguns casos mandibulectomia ou maxilectomia parcial, sendo que nestes casos é indicado o uso de sonda para alimentação no período pós cirúrgico.  Além disto indica-se a  radioterapia e em alguns casos quimioterapia.
O prognóstico em geral é reservado com sobrevida estimada de 2 a 6 mêses .

quinta-feira, 23 de junho de 2011

PROLAPSO RETAL EM FELINOS

É uma condição adquirida que ocorre secundariamente ao esforço para defecação (tenesmo) comum nas seguintes situações: moléstias retais, alterações de próstata, hiperplasias benigna ou não, prostatite, abcesso prostático, colite, corpos estranhos retais, doenças do trato urogenital, cistite, urolitíase, distocia, tenesmo pós operatório. Não existe predisposição racial ou de idade, porém a maior prevalência ocorre em cães e gatos jovens, parasitados e debilitados. No caso de prolapso anal, observa-se uma  salientação de pequena porção de mucosa ao redor do ânus. No caso de prolapso retal, observa-se a protrusão do reto com inversão da mucosa que se apresenta de forma cilindrica e com coloração vermelha a enegrecida dependendo do comprometimento circulatório, hemorragia ou necrose. È importante que se identifique a causa do problema, para posterior prognóstico. Em seguida efetua-se a redução do prolapso e tratamento da causa inicial. A redução deve ser feita nos casos em que o tecido permanece viável sem alteração circulatória importante. Efetua-se uma higienização do tecido com solução isotônica aquecida e massagem do tecido prolapsado e redução do mesmo, e sutura em bolsa de tabaco ao redor da margem anocutânea. No pós operatório, ministrar refeições pastosas, emolientes fecais e higienização da região. Nos casos em que o tecido não é viável, efetua-se a amputação retal com ressecção da porção e sutura da parede em padrão simples interrompido. Nos casos de recidiva, pode-se efetuar uma colopexia  após laparotomia  com redução do prolapso por tração manual e sutura seromuscular do colon ao músculo reto do abdomen.

(CISTO) DERMÓIDE EM FELINOS


















Um dermóide é um coristoma congênito caracterizado como um fragmento de
pele sobre a córnea, conjuntiva ou ambos. A lesão tem sido descrita em várias espécies
animais, mas é provavelmente mais comum em bovinos. Os dermóides são unilaterais ou
bilaterais e são freqüentemente localizados na região temporal de cães. Em gatos são
raros, situados na região límbica e superficiais. Dermóides são congênitos e são notados
ao nascimento ou por ocasião da abertura das pálpebras. Devido à irritação, sua presença
pode estar associada a corrimento mucopurulento e blefarospasmo. Microscopicamente,
dermóides têm estrutura de pele e podem ser císticos, pigmentados, com ou sem pêlos. O prognóstico é cirúrgico para remoção do tecido dermóide, pode-se efetuar uma cantotomia para melhor visualização da massa e em geral observa-se a presença de úlceras de córnea como consequencia do trauma inflingido á córnea pela presença do dermóide. Portanto após a remoção do tecido efetua-se o tratamento da úlcera, no caso acima foi efetuado um flap conjuntival e tratamento com antinflamatório não esteroidal e antibiótico tópico.

sábado, 16 de abril de 2011

TOXOPLASMOSE EM FELINOS



É uma doença infecto-contagiosa e uma zoonose causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii e infecta a maioria dos animais de sangue quente, mas felídeos domésticos e selvagens são os únicos hospedeiros nos quais o ciclo biológico pode ser completado. Há 3 estágios infecciosos da doença: (1) taquizoítos de rápida replicação, que vivem nos tecidos do corpo; (2) bradizoítos de lenta replicação, que residem em cistos teciduais; e (3) oocistos, que são excretados pelas fezes. Na maioria das vezes, os gatos se infectam ao ingerirem bradizoítos, que estão encistados em um hospedeiro intermediário, por exemplo, um roedor. Podem também se infectar pela ingestão de oocistos esporulados. O ciclo biológico mais comum tem início com a ingestão de cistos teciduais. Uma vez que os oocistos são expulsos nas fezes, estes não são infecciosos até serem expostos ao oxigênio e esporulem por 1 a 5 dias. O ciclo biológico inteiro pode completar-se dentro de 3 dias a contar da ingestão dos cistos teciduais. Se o ciclo biológico tiver início com a ingestão de taquizoítos ou oocistos, deverão transcorrer 3 semanas para que se complete. A maioria dos gatos infectados não apresenta sinais clínicos. Os sinais clínicos mais frequentes estão relacionados aos órgãos afetados como pulmão, o olho ou o fígado. Também foi dito que anorexia, letargia e dispnéia relacionada á pneumonia são os sinais clínicos mais comuns. Com menor frequencia ocorrem uveíte e hemorragia retinal; ocasionalmente o gato apresenta derrame perineal, icterícia e dispnéia. Embora alguns gatos venham a morrer por causa da infecção, a maioria se recupera e desenvolve imunidade. Alguns gatos morrem e outros permanecem assintomáticos, tornando-se um portador assintomático. No entanto, o gato só irá eliminar uma grande quantidade de oocistos uma única vez na vida durante 1 a 2 semanas e este fato é mais maciço em filhotes com 6 a 14 semanas de idade. Uma vez no ambiente, os oocistos resistem á ação de desinfetantes, congelamento e dessecamento. Podem ser exterminados se submetidos á temperaturas de 70° C durante 10 minutos ou mais. A doença pode ser grave em humanos, especialmente se estiverem imunossuprimidos. No entanto sabe-se que as maiores fontes de contágio da toxoplasmose para o ser humano são a ingestão de carne mal passada ou crua e também contaminação por via transplacentária.
O diagnóstico baseia-se em radiografias, dosagem de enzimas hepáticas e títulos de anticorpos IgM (método por ELISA) O tratamento é á base de antibióticos tais como clindamicina, trimetoprim-sulfonamida, entre outros de menor eficácia. A prevenção está baseada no cuidado na manipulação e ingestão de carne crua ou mal passada, e evitar contato direto com as fezes dos gatos. Em relação ao felino, evitar o seu contato com roedores e aves de vida livre que ele possa caçar e não fornecer carne crua. Em geral o prognóstico é bom, se for feito o dignóstico e tratamento adequados.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

INTOXICAÇÃO POR PARACETAMOL (TYLENOL)


Os gatos geralmente tem fama de ser bastante resistentes inclusive tendo mais vidas do que os outros animais! No entanto quando falamos em intoxicações ou envenenamentos aí está seu ponto fraco.
A intoxicação por paracetamol ou acetaminofen  geralmente ocorre quando um proprietário desavisado do potencial tóxico deste medicamento para os felinos o administra no intuito de sanar uma dor ou inflamação do animal achando que se faz bem a ele mesmo, fará bem também ao gato. No caso dos felinos a ingestão de 50 ou 60mg/kg de acetaminofeno pode ser fatal para um gato de 4 ou 5 kg sendo que um comprimido tem em média 500mg de princípio ativo. O acetaminofeno causa alterações metabólicas no gato formando um composto denominado corpúsculo de heinz causando lesão irreversível á membrana do eritrócito (glóbulo vermelho) causando anemia hemolítica. Clinicamente observa-se sinais clínicos de anorexia, vômitos e salivação. Caracteristicamente se observam mucosas cianóticas (arroxeadas) ou amarronzadas (geralmente após poucas horas da ingestão da droga. Outro aspécto clínico é o edema de face e coxins. A intoxicação por acetaminofen pode causar necrose hepática em gatos. Para se fechar um diagnóstico, é importante indagar o proprietário sobre o uso desta medicação, em qual dosagem foi utilizada e há quanto tempo. O tratamento é feito inicialmente pela remoção da toxina quando possível, podendo-se induzir o vômito, em seguida é administrada uma medicação denominada acetilcisteína. Este agente em solução é 5% é recomendado como antídoto específico e deve ser ministrada em intervalos regulares ficando o animal internado. Nos casos de anemia severa, indica-se a transfusão sanguínea, e devido á dificuldade respiratória o animal deve receber oxigenoterapia. O prognóstico é ruim em casos graves de intoxicação com anemia severa especialmente quando o animal não responde ao tratmento. Para os gatos que se recuperam normalmente não ficam sequelas.